quinta-feira, 2 de junho de 2011

Se os tubarões fossem homens...Qualquer semelhança é mera coincidência

Para refletirmos um pouco, segue esse belo e intrigante texto  de Bertold Brecht:

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos?

Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adotariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.

O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura.

Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências.

Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói.

Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões.

Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões.

Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc.

Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar.

Há braços!!!


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Não Deixem a Violência Matar a Diversão

           Nos últimos tempos, temos visto uma escalada crescente da criminalidade em nossas cidades, até mesmo nas mais pequenas e remotas do país. Tudo isso se deve em primeiro lugar porque o Brasil, na última decada, alcançou status de país desenvolvido ou em desenvolvimento, com aumento do poder aquisitivo de algumas classes e surgimento de uma nova classe média, e é claro que também surgiram novas classes de crimes que antes não afetavam tanto a vida de algumas pessoas.
           Acontece que o Brasil não conseguiu ainda desenvolver tão rapidamente a questão estrutural como  aconteceu com a questão da economia, então se criou esta falacia de país desenvolvido por conta da parte economica estável, mas nos encontramos no terceiro mundo ou abaixo dele quando falamos em educação, saúde, segurança, transito, estradas, ferrovias, aeroportos, etc, etc, etc.
           Em 2014 teremos a Copa do Mundo e em 2016 as olimpiadas, eventos de grande porte que forçam o governo a desenvolver a parte estrutural do país. É de se esperar que os governantes invistam com maior enfase na parte de segurança, devido ao grande numero de turistas que virão ao Brasil nos próximos anos. É  verdade também que o foco dos investimentos será nas grandes capitais, que vão receber os jogos. Então , o estado precisa estar atento ao aumento da criminalidade também nos pequenos  municipios, para que não aconteça a migração da violência dos grandes centros para o interior.